quinta-feira, 31 de outubro de 2013

9ª BIENAL DO MERCOSUL NO MARGS

Na saída de campo visitamos as obras da 9a Bienal do Mercosul instaladas no MARGS.
Cotejamos as abordagens das aulas com as obras e instalações, observando tema, assunto, recursos, volumetria, as relações entre a obra e o espaço expositivo, iluminação; as relações entre as obras e as condições de aproximação física dos públicos. Fotos Arthur Becker.
Chamaram atenção por suas características duas principais obras:

1º PISO:
Contornar essa obra é uma experiência interessante devido entre outros às contraposições de apelo estético entre a obra e o espaço do Museu; entre a proposta do autor, finalmente realizada nestas dimensões e a materialidade discursiva da arquitetura do Museu. Há toda uma evocação a uma experiência orgânica que seria adentrar uma caverna o que é ligeiramente frustrante pois a geometria dos detalhes da obra nos relembram o tempo todo que se trata de um artefato cultural.
BAT CAVE
Tony Smith
















2º PISO: 
A aproximação desta obra foi especialmente provocativa, pelas características de lembrar uma gravura tridimensional suspensa, pelas possibilidades interativas dos artefatos envolvidos, pela mediação que a obra possibilita...Comentou-se inclusive que dentre as várias possibilidades de montagem da obra, os artistas foram muito felizes na proposta escolhida pois ela despertou vontades de interconexão e curiosidade.
TRANSMISSÃO DE DEZ MINUTOS e a Estação Espacial Internacional
 ALLORA E CALZADILLA











Voltamos lá no último sábado de Bienal, com a 59ª Feira do Livro acontecendo em paralelo, desta vez com um radioamador habilitado para interagir com a obra de Allora e Calzadilla. No domingo fizemos uma transmissão remota nos comunicando com a estação licenciada da Bienal, prefixo PY3 BIE:



Depois fiquei sabendo que tem disponível este vídeo gravado na ISS com o pessoal de lá falando das dificuldades de fazer contato com a terra a partir da estação NA1 ISS, prefixo da estação da ISS.
No fundo da imagem do vídeo aparece um PC com o orbitron, software que permite acompanhar o deslocamento da ISS e saber onde ela está orbitando. Para quem quiser aprofundar um pouco mais no assunto pode procurar o pessoal da LABRE RS.


SEIS EXPOSIÇÕES


EXPOSIÇÕES SELECIONADAS PARA COMENTAR:


NÚCLEO URBANÓIDE, NA URBAN ARTS POA
https://vimeo.com/78175279

A Urban Arts Porto Alegre está instalada na Rua Quintino Bocaiúva, 715 – Moinhos de Vento, e funciona de segunda à sexta das 10h às 19h. Sábados, das 10h às 18h. Dentro da galeria estão expostas as peças para comercialização, o espaço é claro com amplas aberturas capturando a iluminação natural e paredes brancas que facilitam sua difusão pelo interior da Galeria. Bem iluminado também por iluminação artificial, de lâmpadas em spots no teto, direcionadas ao acervo. As obras do coletivo em questão estão numa posição de destaque. todo ambiente é bastante claro e convidativo à interação e à apropriação. Uma proposta diferente que une os aspectos expositivos e de comercialização numa única proposta.  







"SOBRE A URBAN ARTS
NOSSA HISTÓRIA
A história da Urban Arts é daquelas curtas e fáceis de entender. Era uma vez uma ideia bacana que tinha cheiro de coisa boa. André Diniz (o dono da ideia) resolveu investir e começar a Urban Arts em 2006, ainda de forma experimental, descobrindo artistas e entendendo seu público. Em 2009 iniciou o trabalho pela Internet, com sucesso imediato.
A ideia que parecia ser legal conquistou rapidamente um monte de gente e logo a UA se tornou uma referência no mundo da arte digital e ilustração. Em 2011 abriu a primeira loja física, na Oscar Freire e de lá pra cá não parou mais de surgir gente apaixonada pelo conceito. Hoje já são 12 lojas físicas, além do site, que não para de crescer e mais de 3000 artistas expondo seus trabalhos.
O QUE É A URBAN ARTS
A Urban Arts é uma galeria de arte diferente das outras. Primeiro porque trabalhamos essencialmente com trabalhos digitais de artistas, designers e ilustradores de todo o mundo. Damos oportunidade para novos talentos, divulgamos e incentivamos a evolução dos seus trabalhos a partir do momento que comprovamos que elas são desejadas pelo nosso público.
A Urban Arts está conectada com o movimento universal. O universo digital, o ritmo das ruas, a mobilidade, a liberdade de expressão. Por isso tudo somos tão contagiantes e podemos ocupar o espaço de galeria de arte mais pop do Brasil. Pop porque estamos próximos e somos possíveis. Pop porque somos contemporâneos. Pop porque UA funciona em rede e na Internet.
NOSSA MISSÃO
Tornar a arte acessível. Descobrir e estimular o desenvolvimento de novos artistas. Tornar o mundo mais colorido, mais expressivo, mais sensível, através da arte que todos podem ter." citação de https://urbanarts.com.br/sobre-a-urban-arts/, acesso em 01/11/2013.







NUNO RAMOS, NO ATELIÊ DE GRAVURA DO IBERÊ: "GRAVURA: FREQUENTAÇÃO E AUTORIA"



No mês de julho a Rede de Educadores de Museus foi recepcionada pelo Educativo da Fundação Iberê Camargo realizando  seu encontro no Ateliê de Gravura da Fundação, onde o Gravador Marcelo Lunardi fez uma instrução de gravação para os membros da Rede presentes. 










Oficina da REMRS no Ateliê, 
instrução com Marcelo Lunardi:




Foi uma experiência muito interessante participar do processo de autoria para quem trabalha sempre em outras posições do sistema da arte, da museologia, geralmente narrando trabalhos de outra pessoa. 
Uns dias depois o artista Nuno Ramos foi o artista convidado do mesmo Ateliê e fomos assistir a palestra com ele e a apresentação das obras produzidas durante sua permanência na instituição. Seguem imagens do evento:


LINKS SOBRE O EVENTO:
Canal contemporâneohttp://www.canalcontemporaneo.art.br/blog/archives/005621.html
Ateliê http://www.iberecamargo.org.br/site/projetos/projetos-atelie-gravura.aspx
Entrevista com ele sobre o trabalho no Ateliê:http://www.iberecamargo.org.br/blog/post/2013/08/05/ENTREVISTA-Nuno-Ramos-fala-sobre-sua-experiencia-no-Atelie-de-Gravura.aspx
Nuno Ramos http://www.iberecamargo.org.br/site/programacao/programacao-detalhe.aspx?id=252 e http://www.nunoramos.com.br/



Foi muito interessante o diálogo que se tornou possível entre frequentar um determinado espaço num dia para produção criativa, de autoria e noutro dia como espaço expositivo. O espaço possui esse atrativo em si, de ser um Ateliê de trabalho  e a recente a experiência de autoria neste mesmo local intensificou esse caráter. Como espaço expositivo o ambiente é problemático pois as mesas e equipamentos de trabalho dificultam a circulação e o acesso às obras do artista, que estavam afixadas na parede. Porém o artista em si estava ali apresentando suas obras, referindo às mesmas sensações e insigths que havíamos experimentado, tornando a experiência muito rica e gratificante. 

Abaixo imagens do pavimento onde fica o Ateliê e à direita imagem do corte transversal do Museu da FIC.



Imagens da autora do blog trabalhando na chapa da gravura coletiva da REM RS













DANIEL SENISE, NO MARGS

Foi uma das primeiras exposições frequentadas após iniciar os estudos na área de Biblioteconomia, Museologia e foi muito impactante. A obra de arte do artista Daniel Senise, em exposição no MARGS, por volta de outubro de 2006, estava instalada na área central do 1º piso do Museu, com iluminação indireta e separada do público apenas pelo desenho de uma linha demarcativa no chão que sinalizava o limite máximo de aproximação, portanto era possível visualizar claramente os detalhes do processo criativo do artista e fazer essa oposição do tipo afastar-aproximar da obra para vê-la. Foi a primeira experiência onde me recordo de abandonar a simples posição de frequentador para pensar de forma acadêmica os detalhes sobre a contraposição entre a obra e os detalhes arquitetônicos do espaço expositivo, sobre o tema da exposição, pensando em todos esses itens do ponto de vista do fazer museológico. Não foi possível localizar informações seguras sobre a exposição em questão, sobre a obra exposta na ocasião; o MARGS possui um setor de pesquisa que precisa ser agendada previamente por mail ou telefone e o tempo não foi suficiente para localizar estas informações. Abaixo imagem ilustrativa de uma das obras do artista que se parece com a obra mencionada. No Link maiores informações sobre o autor e sua obra.






ARTHUR BISPO DO ROSÁRIO NO SANTANDER CULTURAL

Em 2012 houve a Exposição do artista em Porto Alegre, no pavimento superior do Santander Cultural. Pelas características da obra e da vida do artista articulamos a visita de um grupo do Núcleo de Saúde Mental à exposição. Foi muito rica a experiência, principalmente no sentido de pensar acessibilidade em todas as suas implicâncias. Abaixo imagem do grupo junto ao poncho que ficava suspenso em cima de um espelho circular para que os frequentadores pudessem visualizar os ricos detalhes da parte inferior da peça. Em abril de 2013, na reunião do grupo que discutiu acessibilidade para o Plano Nacional de Educação Museal, PNEM, com a presença da mediadora Simone Dornelles e da servidora do Museu José Felizardo Márcia Bamberg dos Santos essa exposição foi intensamente discutida.





ABAIXO A FOTO DO ESPELHO NO CHÃO: DIFICULDADES COM ACESSIBILIDADE.

Sobre Bispo do Rosário:
"Para reconstruir o mundo, o sergipano considerado louco produziu uma das mais intrigantes obras artísticas do País. Mas não se dava o crédito: “São as vozes que me mandam fazer desta maneira”. Ele viveu num manicômio durante 50 anos e, dentro de um quartinho apertado, produziu um dos mais fantásticos conjuntos de obras do País. Tudo alheio ao que acontecia além dos limites do hospício. De forma absolutamente intuitiva, sem frequentar escolas de arte ou ler livros, Arthur Bispo do Rosário deixou acadêmicos abobados  com sua expressividade e originalidade.  (...) A fama de Bispo do Rosário se alastrou pela cidade e, depois, pelo País. Houve uma comparação imediata com Marcel Duchamp, o francês que criou o conceito de que objetos do cotidiano poderiam ser levados para o campo das artes. Recebia visitas de estudiosos, artistas, curiosos. Aos que queriam conhecer seu ateliê improvisado, fazia uma intrigante pergunta: “Qual é a cor do meu semblante?”. Se não gostasse da resposta, encerrava a visita. Para quem o chamava de artista, rebatia: “Não sou artista. Sou orientado pelas vozes para fazer desta maneira”. Tornou-se uma lenda, estudado por várias correntes do conhecimento. “É possível analisá-lo pela Psicanálise, pela Sociologia, pela História da Arte, pela Semiótica e pela Antropologia”, avalia Jorge Anthonio e Silva, autor de Arthur Bispo do Rosário – Arte e loucura (Quaisquer, 2003). Entre as obras de maior impacto, está o Manto da Apresentação, uma veste com um emaranhado de pequenos símbolos e figuras, como tabuleiros de xadrez, mesas de pingue-pongue, ringues de boxe, crucifixos. Destaca-se também uma espécie de Arca de Noé, construída com papelão e pano, destinada a salvar o mundo. Além de uma nave que o levaria para o céu. Suas obras foram expostas em galerias de arte da cidade. Mas Bispo não era muito favorável a que elas saíssem do ateliê. As tratava como filhas, perguntava até se estavam bem.""

“Os doentes mentais são como beija-flores: nunca pousam, ficam sempre a dois metros do chão”

ARTHUR BISPO DO ROSÁRIO


" Arthur Bispo do Rosário: A Poesia do Fio. No Santander Cultural. Até 29 de abril de 2012, na galeria superior leste, está em sintonia com a filosofia do Santander pelo fomento da cultura com visão contemporânea, voltada aos movimentos globais ao mesmo tempo em que valoriza a brasilidade. São 239 obras que mostram o universo deste artista singular que, na complexidade do delírio, foi capaz de romper paradigmas e transgredir conceitos para elaborar uma grande obra. A expografia faz alusão às cenas fortes que contemplam alguns aspectos do universo da obra e do pensamento do artista. Bispo do Rosário passou a maior parte de sua vida internado em uma clínica para doentes psiquiátricos e lá produziu toda sua obra, que hoje é um importante patrimônio cultural brasileiro. Por meio de sua criação, acessamos um imaginário que serve de ponto de partida para um amplo processo de reflexão da arte contemporânea e da cultura popular."





NARRATIVAS POÉTICAS NO SANTANDER CULTURAL

Esta exposição foi um momento especial para refletir sobre o caráter discursivo dos elementos envolvidos em uma exposição, como o nível de visibilidade que confere à exposição a participação de alguém muito conhecido, como um intelectual ou artista consagrado nas funções de curadoria. Para pensar que cada exposição tem um nível de visibilidade e importância que transparece justamente nos detalhes. Assim, o mesmo expaço expositivo, a mesma instituição, o mesmo corpo técnico atua diferentemente conforme a exposição. Esta exposição foi uma espécie de mostra da "prata da casa", onde o Santander exibiu a sua coleção. Pesquisando sobre a exposição na recém criada Biblioteca da instituição em Porto Alegre, isso fica bem evidente. Rembrando as leituras de Foucault, tudo é discurso. Mas quando se tem uma exposição institucional, num espaço como o Santander Cultural, a coerência discursiva institucional e o capricho nos mínimos detalhes tornaram a visitação envolvente e ainda mais atrativa. Uma poesia visual e uma festa para os sentidos.


Mostra Narrativas Poéticas

Coleção Santander Brasil abre em Porto Alegre e faz itinerância por Brasília e Belo Horizonte durante o segundo semestre de 2013. Entre as 80 obras destacam-se pinturas, gravuras e desenhos de expoentes do Modernismo brasileiro. Candido Portinari, Emiliano Di Cavalcanti, AlfredoVolpi, Iberê Camargo, Tomie Ohtake e também trabalhos recentes, de artistas como Tuca Reinés, Fernanda Rappa e Renata de Bonis, estão na exposição. Fomentar a cultura com visão contemporânea, valorizar a brasilidade, promover a produção de conhecimento e a disseminação de experiências artísticas, estimular a criatividade e a reflexão estão entre os objetivos do projeto."








O SOLAR QUE VIROU MUSEU, MEMÓRIAS E HISTÓRIAS, NO MUSEU JOAQUIM FELIZARDO


A visita escolhida foi à Exposição “Transformações Urbanas: Porto Alegre de Montaury a Loureiro”, que aborda a história dos primeiros planos de desenvolvimento urbano e as principais obras realizadas em Porto Alegre entre os anos de 1897 e 1943. No Museu Joaquim Felizardo, única chácara remanescente do bairro Cidade Baixa, os visitantes descobrem ainda objetos históricos ao ar livre, áreas para contemplação e, logo na entrada do terreno, uma magnólia centenária. 

"O Museu Joaquim José Felizardo, Museu Histórico da cidade de Porto Alegre, tem como sede o Solar Lopo Gonçalves, construído entre 1845 e 1855, na antiga rua da Margem (atual João Alfredo), com arquitetura de influência luso-brasileira, para ser “residência da chácara”, lugar de descanso da família do comerciante português nos fins de semana e feriados.
Lopo Gonçalves exerceu por duas vezes a atividade política de vereador, foi provedor da Santa Casa de Misericórdia, fundador, com demais comerciantes, da Associação Comercial de Porto Alegre, e fundador e Presidente do Banco da Província. Em meados do século XX, o Solar Lopo Gonçalves passou a ser conhecido como Casa da Magnólia, devido à presença de um magnífico exemplar dessa árvore no jardim em frente ao Solar. Em 21 de dezembro de 1979, o prédio do Solar Lopo Gonçalves foi tombado no livro do Tombo Histórico Municipal de Porto Alegre. Como disse um de seus primeiros diretores: “o próprio prédio é parte do acervo do museu”."

Imagens dos recursos disponíveis para acessar a exposição: recursos de acessibilidade física (elevador), painéis com monóculos, audioguia, entre outros.

















12 000, NO MUSEU DA UFRGS

Sobre a Exposição: http://www.youtube.com/watch?v=3EQPE-o94gc

A exposição '12000 Anos de História: Arqueologia e Pré-História no Rio Grande do Sul', no Museu da UFRGS teve a curadoria da Professora Silvia Copé, doutora em Pré-história e coordenadora técnica do Núcleo de Pesquisa em Arqueologia da UFRGS.  A história do nosso estado pode ser contada através das sucessivas migrações humanas para o nosso território, das relações destes migrantes com os grupos já existentes e dos novos padrões culturais adotados como respostas adaptativas aos diversos ambientes. Dentro disso, a mostra buscou inspiração no ofício do arqueólogo para apresentar a história pré-colonial do Rio Grande do Sul. Além da exposição, durante o ano foram disponibilizadas oficinas, cursos de capacitação de professores e kits arqueológicos didático/pedagógicos.




terça-feira, 15 de outubro de 2013

A RELEVÂNCIA DO VISUAL


Alguns espetáculos do tradicional projeto Porto Alegre em Cena, como Medeia Vozes e Não sobre o amor, pela qualidade e o impacto visual de suas imagens, fizeram-me retomar uma observação antiga que gostaria de comentar aqui. Em Não sobre o amor, a cenografia criada por Daniela Thomas coloca na vertical o palco onde os atores atuam, reportando à ideia de um quadro, ou mesmo a obras como Bed, de Robert Rauschenberg. O trabalho visual do grupo Ói Nóis Aqui Traveiz, que vem assinado coletivamente, organiza os espaços como uma grande “instalação” por onde o espetáculo e o público transitam. Em ambos os casos, como em muitos outros exemplos, os fatores visuais têm preponderância e costuram todo o projeto, dando significações ao espetáculo e indo além de um mero complemento teatral no sentido tradicional da cenografia.


Daniela Thomas Tem chamado minha atenção, já faz bastante tempo, o protagonismo que os elementos visuais vêm adquirindo nos espetáculos artísticos de diferentes áreas, sejam teatro, óperas, shows musicais e mesmo cinema. Eles ganham tanta relevância que, em muitos casos, sobrepõem-se a outros, como o próprio texto ou o repertório musical, tornando-se o maior atrativo dos eventos. Esse é um fenômeno que vem se desenvolvendo, preponderantemente, a partir dos anos 1990, podendo ser observada, por exemplo, a carreira de Peter Greenaway no teatro e no cinema, com o destaque que passou a dar às questões da imagem em suas criações a partir dessa década. Já em 2001, Bonito Oliva convidou-o para participar, com uma instalação, na 1ª Bienal de Valência. Ele consolidou seu trabalho de artes visuais paralelamente ao de cineasta.


Algumas questões podem ser apontadas como concorrendo para o que se observa. Primeiramente, é interessante destacar a atuação de muitos artistas plásticos em cenografias, adereços e direção de arte. Ernesto Neto assinando o cenário do belo espetáculo de Marisa Monte, a já citada Daniela Thomas, Felix Bressan e Elcio Rossini são alguns dos artistas que, trabalhando a partir das artes visuais, desenvolveram excelentes trabalhos de cenografia. Oriundos das artes plásticas, também os diretores de arte no cinema têm um importante papel, são responsáveis pela configuração dos elementos visuais em todas as cenas e no conjunto do projeto fílmico. Pode-se pensar que as novas configurações do circuito de artes visuais, em que o artista deixa de ser basicamente um produtor de objetos de consumo de elite, têm levado artistas a buscarem outras formas de atuação, deslocando-se para esses espaços de trânsito. Esse deslocamento de profissionais com formação especializada garante impressionantes resultados plásticos nos trabalhos que desenvolvem. A cenografia, direção de arte e outras tarefas ligadas à construção de visualidades ganham fôlego e destaque, assumindo protagonismos até há algum tempo impensados, uma vez que essa era uma tarefa secundária nos projetos desses eventos. A participação de artistas plásticos na criação visual de espetáculos e grandes eventos não é algo novo. Na Renascença, muitos dos grandes pintores que conhecemos fizeram decorações de festas e festivais da nobreza, como foi o caso de Botticelli, na Itália dos Médicis, ou Fragonard, na França, dos reis Luises. E, mesmo na modernidade, artistas como Picasso e Salvador Dalí realizaram projetos cenográficos para teatro e óperas e dividiram proposições de imagens com cineastas como Luis Buñel. Essas atuações dos artistas vieram enriquecer visualmente os espetáculos, ao mesmo tempo em que afirmaram a complexidade das relações entre as diferentes áreas artísticas, não tão afastadas, como muitas vezes as pensamos. No entanto, mesmo tendo sido essas participações importantes, elas eram tão usuais, nem se tornavam o ponto central dos acontecimentos como são em alguns casos contemporâneos.


 Contraditoriamente, no campo das artes visuais contemporâneas, alguns artistas abrem mão do quesito visualidade, para explorar outros elementos em seus trabalhos. Esse é o caso, por exemplo, das proposições que envolvem relações colaborativas com comunidades ou empresas, nas quais os processos são mais importantes do que um produto visual final. Ou mesmo no caso de propostas em que a ênfase conceitual do trabalho coloca a questão plástica como secundária em suas configurações. O abandono da imagem foi explorado como na 23ª Bienal Internacional de São Paulo, em 1996 – “desmaterialização da obra de arte no final do milênio” – com curadoria de Nelson Aguilar. O tema tem sido explorado em diversas exposições e livros. Percebe-se, por exemplo, a presença de trabalhos preponderantemente sonoros apresentados em eventos de artes visuais como Arte Sonora. Em alguns casos, a obra remete a paisagens, que o espectador deve criar visualmente a partir dos sons ouvidos; as imagens são, nesse caso, mentais e não visuais. Outro tipo de negação do visual pode ser observado quando são propostas obras em que o texto, com a descrição de determinado lugar, fato ou circunstância, é emoldurado e substitui a imagem. O espectador é conduzido, nesse caso, também a imaginar visualmente a cena, estabelecendo-se de certa forma uma forte ligação com a literatura.


As interconexões entre as diferentes áreas artísticas, considerada como uma característica da arte contemporânea, concorre para esses deslocamentos da imagem – ênfase ou ocultamento – que se observa. A tradicional segmentação das áreas artísticas em suas especificidades tem dado lugar a outras experiências, envolvendo diferentes tipos de competência. Esse pode ser considerado um movimento de mudança paradigmática, com o abandono das estruturas segmentadas do pensamento iluminista para se abrir ao pensamento das complexidades, na linha do que propõe Edgar Morin. Seguindo nessa linha de cruzar conhecimentos, as artes têm avançado em diferentes áreas, abrindo mão em muitos casos suas especificidades. Nesse sentido, a proposta desenvolvida na Documenta de Kassel, em 2012, se incorporou inúmeros discursos e campos de conhecimento, diluindo o artístico neste corpus hibrído, tendência que norteia, também, na edição de 2013 da Bienal do Mercosul. Nesse panorama, é interessante observar a preponderância do visual em diferentes áreas, o abandono da imagem pelas artes visuais e o trânsito entre as áreas artísticas e, também, entre outros campos de conhecimento. O objetivo do levantamento básico desse tema não é defender uma tese ou oferecer conclusões, nem tão pouco propor formas avaliativas, com posições afirmativas ou negativas. A ideia é a observar os fenômenos e suas circunstâncias, mergulhando de forma crítica na realidade cultural contemporânea.

DA BAUHAUS AO NOSSO CAOS


Fica a dica, interessante livro de Tom Wolfe para pensar as conexões entre o trabalho conceitual de artistas e intelectuais e como ele acaba se materializando, atrvés do desing, da arquitetura, do urbanismo para dentro do nosso cotidiano em objetos de uso e nas funcionalidades dos prédios.
http://en.wikipedia.org/wiki/From_Bauhaus_to_Our_House

KANDINSKI

Later

I shall find you in the deep heights. 
Where the smooth pricks.
Where the sharp cannot cut.
You hold the ring in your left hand.
I hold the ring in my right.
Neither sees the chain. 
But these rings are the last links in the chain. 

http://www.wassilykandinsky.net/

 “As cores são a chave, os olhos o machado, a alma é o piano com as cordas”. WIKI http://pt.wikipedia.org/wiki/Wassily_Kandinsky

sábado, 12 de outubro de 2013

Quase/Casa


"Emerson Dionísio . texto para o livro MARCELO MOSCHETA, editora BEI, 2011


A imensidão dos espaços nos quais é possível se perder afina-se estranhamente ao pormenor, delicado, tecnicamente calculado. Expansão e paralisia. A espontaneidade é evitada, e o processo de pesquisa, de tão minucioso, oferece-se como componente inevitável para a produção de um leve rumor no tempo; um quase-silêncio, que se ampara sob a matéria, cuja indiferença em relação a nossa consciência nos oferece mais quietude que sentido. Os mecanismos e as técnicas estão a um passo do ilusionismo. Todavia, o desejo anônimo esvazia a vaidade tecnológica; restam-nos imagens- laboratório. Próximas, mas irrealizáveis fora da poética que a constituiu. Tudo isso oferece pouco apoio, pode paralisar alguém ou deixá-lo cair num universo unívoco e estéril, não fosse a presença do afeto-frio da memória e a do silêncio-opaco do território: elementos tão próximos quanto intangíveis, eis a beleza sem medo, ou quase."

PANDEGA ARQUITETURA E CENOGRAFIA




"Quando pequena sonhava em ser mágica. Hoje transformo ideias em realidade.
Essa é a minha especialidade.
Sou formada em arquitetura pela UFRJ. Ao longo da faculdade, meu processo de descoberta do espaço foi intimamente ligado à experimentação de diversas atividades artísticas, como pintura, escultura e instalações.  Na cenografia encontrei a possibilidade de experimentar esta fusão entre espaço e arte com liberdade e criatividade tanto na escolha de materiais, como no desenvolvimento de estruturas. É a partir do entendimento desta relação sem qualquer padronização e com infinitas possibilidades, que nascem meus projetos.
Meu trabalho conta sempre com um acompanhamento atento e individual à todas as etapas do processo. Além da criação, conduzo a direção de planejamento, desenvolvimento técnico e produção junto às equipes de cada projeto, o que garante à empresa extrema agilidade diante dos mais diversos prazos e objetivos.
Sou Brasileira, Arquiteta, Designer e Cenógrafa. Há 12 anos estou à frente da minha maior criação, onde encontro espaço para fazer todos os dias, mágica com alegria: A empresa Pândega.
Eventos corporativos e culturais, estandes, teatro, shows, exposições, estúdios e passarelas. Na elaboração de cenarios minha área de atuação é ampla."
SUZANE QUEIROZ http://suzanequeiroz.com/

Carla Evanovitch: Teremos um Jardim / JARDIM DE VÁRIOS UMBIGOS. 2013...

Carla Evanovitch: Teremos um Jardim / JARDIM DE VÁRIOS UMBIGOS. 2013...: “No dia em que o umbigo da criança caía, a parteira, madrinha de todos os nascimentos, o enterrava em lugar escolhido. Se no jardim c...

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Diário de Bordo da cadeira  TÓPICOS ESPECIAIS EM MUSEOGRAFIA
Sigla:BIB03100 Dia da Semana:Quinta-feira
Horário:17:30-19:10    Sala - Prédio:101 - Laboratório de Criação Museológica