WATCHING CLOUDS

"Metaphors, lies, misunderstandings, visions, abstractions. We may glimpse these semantic microcosms of forms with the same “quiet panic” with which we gaze at the stars on a clear night; as is often the case when we momentarily loose our tools of understanding and interpreting to become fully aware of the mind’s instinctive predisposition to fabricate thing for interpreting and understanding."

http://vikmuniz.net/library/the-unbearable-likeness-of-being




Algumas reflexões compartilhadas na disciplina de Fundamentos da Arte, diante da proposição  de cotejar a exposição "Narrativas Poéticas" com a leitura do livro "Quem tem medo da arte contemporânea, de Fernando Cochierale" em forma de relatório:


Quem tem medo da arte contemporânea?

Este relatório relaciona a exposição NarrativasPoéticas que traz a Coleção Santander Brasil de obras de arte, com leituras sobre arte contemporânea, como o livro “Quem tem medo de arte contemporânea?”, de Fernando Cocchierale.
A exposição visitada, traz os trabalhos de pintores como Cândido Portinari, Di Cavalcanti, Tomie Ohtake e poesias de Antonio Cícero, Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade e Vinicius de Moraes, curadoria de Helena Severo, Franklin Espath Pedroso, Eucanaã Ferraz e Antonio Cícero. A palavra diálogo está no material de divulgação da exposição e se repete nas críticas a respeito da exposição. Além das obras, a mostra conta com elementos multimídia, como áudios com fragmentos de poemas recitados por seus autores e projeções dos textos poéticos no espaço expositivo.
O texto do livro de Cocchierale foi montado a partir das transcrições de quatro aulas dadas em julho de 2003 na Fundação Joaquim Nabuco, no Recife. A partir de depoimentos de artistas, críticos, curadores e público de arte, e ao livro acompanha o registro em vídeo do curso, onde se expressa a complexidade da arte contemporânea e a confusão própria da contemporaneidade enquanto conceito cultural, enquanto forma de aproximação da produção artística.
Para Fernando Cocchiarale, curador e critico de arte “o fato da arte contemporânea ser parecida demais com a vida”, [...] dificulta sua aceitação. E diz ainda: “por que na verdade a maior parte das pessoas espera da obra de arte uma coisa diferente da vida”.
E no trânsito entre o texto e a exposição estas dificuldades se tornam ainda mais evidentes, pois apesar de conter elementos textuais; as poesias inscritas e recitadas, esses textos são referentes em relação à exposição, porém não referenciais. São apenas mais um signo à disposição para fruição, para apropriação, ou não. Vale ressaltar a grande significação da curadoria literária estar a cargo de um intelectual do porte de Antônio Cícero, igualmente um artista, isto sim um dado a ser “lido”.
Realmente aproximar-se da arte contemporânea é uma tarefa que pode assustar pois não há certezas. Tanto às vezes ela se propõe como algo simples, cru, aparente, sem significados, pura apreciação; quanto por outro lado nos demanda várias camadas de leitura e informações, sobre o artista em questão, sobre o sistema da arte. Ela muitas vezes se apresenta fugidia em sua própria natureza, a qual queremos apreciar sem mesmo saber porquê.
Podemos nos aproximar dela a partir de conceitos enciclopédicos, contextualizações, dados historicizantes; mas ela continua esta esfinge.
Assim apreciar a arte contemporânea, seja numa belíssima e representativa exposição, com participantes cuja própria escolha já é uma declaração, num texto teórico cheio de expoentes icônicos; nos propõe o mesmo desafio labiríntico de não-tradução, de absorção e cumplicidade. De jogo social de olhar e olhar, de ver e rever, de experimentar. Mutante e fugidia, como a vida. Tens razão, Cocchierale.




Algumas reflexões compartilhadas na disciplina de Museografia e Expografia:

PERCEPÇÃO, FRUIÇÃO, INFORMAÇÃO

Pode-se dizer que pensar curadoria, autoria, visualidades, pensar a exposição como objeto é pensar intencionalidade e percepção, onde importa menos de que posição nos aproximamos do objeto EXPOSIÇÃO; se enquanto curadores, autores, críticos, público. O que faz toda diferença é COMO pensamos que SE DÁ essa aproximação. 
Abordar uma exposição poderá nos propor os dilemas que acompanham a humanidade desde Platão e Aristóteles. Polarizações entre a razão e o sonho. Devo me aproximar a partir de uma perspectiva de entendimento, racionalidade, linearidade, linha temporal? Ou a partir de uma abordagem aleatória, de liberdade criativa, provocação sensorial, SIMPLES FRUIÇÃO? O que é exposição? Como funciona a percepção nesse universo? Que sentimentos essas proposições vão despertar? Vai do "nosso gosto". Para Dana Harold, essa valoração está ligada à formação de juízos estéticos onde o gosto é responsável na esfera individual pela atribuição de valor, determinado tanto por aspectos culturais quanto sociais. Ela propõe a história da arte como narrativa facilitadora de uma reflexão e auxiliar na construção de conhecimento e envolvimento com a arte, o que se aplica se se tratar de objetos artísticos.Vários autores propõem estudar os mecanismos de percepção. Em suas obras encontramos teorias sobre esses mecanismos e suas complexidades, especialmente se o objeto da exposição se tratar de arte contemporânea.
O professor de arte da California e Blogueiro Chuymoska nos propõe em seu blog que respondamos as seguintes questões sobre determinado artista:
"Talk about his use of color
Talk about his subject matter
Why THIS TITLE?
What is unusual about the characters in his WORK?
What does his work remind you of?
How long do you think it took him to finish his series?
What did THE ARTIST CONSIDERS ABOUT global standardization of culture? " 
Poderia-se construir um roteiro inicial de aproximação da exposição a partir desses elementos? Seria válido? Ficaria mais ou menos assim:
Qual o tema que quero propor? Que associações? Que conceito de percepção deve nortear a exposição LINEAR/ALEATÓRIO? Oque há de significativo a dizer sobre o tema? Que percurso propor? Quais os problemas a resolver para integrar o acervo ao espaço? O que pode ser ilustrativo, que elementos exteriores à reserva inicial serão necessários acrescentar? Qual a paleta de cores usar? Haverá uma? Quais recursos multisensoriais caberia propor? Que elementos propor para comunicar a exposição?
Não parece haver uma sequencia fixa a atender.
Quanto de nossos conhecimentos e quanto de  nossas convicções influenciarão na concepção do projeto?

As reflexões no decurso da disciplina trazem à discussão o cotejo que se produz quando nos propomos a planejar uma exposição; onde entram em apreciação tanto nossas experiências de fruição em equipamentos culturais, quanto os dados técnicos necessários, bem como nossas vivências como sujeitos sociais e suas circularidades.  

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